Portugal, o Ambiente e a greve na ETAR da Ribeira dos Moinhos em Sines.
Se algum dia se deu importância ao Ambiente, não foi com este Governo de certeza.
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Ao se pensar na implantação das futuras Indústrias na Área de Sines foram desde logo projectadas as Infra-estruturas necessárias para apoio do Complexo Industrial.
Assim foi executada uma obra de vulto para captar as águas necessárias para abastecer as Indústrias. Construiu-se uma tomada de água no rio Sado em Ermidas, depois uma estação elevatória, uma conduta em aço, para ganhar altura com a respectiva Chaminé de equilíbrio, um canal a céu aberto, um túnel desde São Domingos a Morgavel e por fim uma Barragem com Estação Elevatória e uma ETA (Estação de Tratamento de Água.) Estava assegurado o abastecimento de água a essas Indústrias.
Sabendo que eram Indústrias bastante poluentes, pois seria uma Refinaria e uma Petroquímica, projectaram uma ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais.) Completando assim o ciclo da água, antes de a depositar no mar.
Ao projectar este equipamento (ETAR) foram de alguma forma inteligentes ao deixar ao lado dela local para a ampliação que se poderia tornar necessária.
Resumindo, há mais de trinta anos os técnicos sabiam prever o futuro.
Deixaram já em fase de Estudo o destino e tratamento a dar ás lamas que essa ETAR iria retirar das águas a tratar. Apesar das tecnologias já implementadas, os técnicos actuais ainda não resolveram… É triste mas é a verdade.
Os complexos Industriais implantados bem cedo começaram a pagar vencimentos de um nível muito bom aos técnicos que iriam operar, porquanto eram funções de alta responsabilidade e agressivas para a saúde.
A ETAR iniciou as suas funções logo como parente pobre de todo este complexo, com ordenados de miséria, não se atendendo minimamente à agressividade do produto a tratar.
Cedo as firmas de Saneamento Básico e não só, referenciaram ser um bom negócio tomar conta das ETARs recém construídas, o Estado e as Autarquias sem técnicos à altura, resolveram colocar a Concurso Público a operação destas infra-estruturas.
Começou o negócio à conta do Ambiente e nunca mais parou.
Cedo se verificou que o nível de tratamento nada tinha a ver com as necessidades do Ambiente, porquanto as Firmas apenas queriam o lucro fácil e farto.
É aqui que começa o martírio dos trabalhadores desta ETAR da Ribeira dos Moinhos em Sines.
Quase todos os trabalhadores admitidos são da área de Sines e como tal procuram que o seu trabalho seja o melhor, para não poluir o mar da sua terra. Cientes dos perigos inerentes à sua função e ao perigo de ficar apenas um operador durante a noite numa Estação que fica distante de tudo. Antigamente tinha um cão de guarda que lhes fazia companhia, mas a sua alimentação saia muito cara à Sisaqua, por isso foi dispensado, ficando a partir daí absolutamente sós. Fizeram um caderno reivindicativo à firma para quem trabalham.
- Melhores condições de trabalho.
- Melhor protecção do Ambiente.
- Sair dos ordenados de miséria que pouco vai além de ordenado mínimo nacional.
Pode parecer ridículo mas é verdade, este assunto que podia ser resolvido, com bom senso, em menos de meia hora, já se arrasta há mais de 40 dias. O que os trabalhadores pedem é perfeitamente razoável, possível e até desejável.
Um assunto que podia apenas envolver a Firma que explora a ETAR e os trabalhadores estendeu-se aos Presidentes das Autarquias, Juntas de Freguesia, Sindicatos e população.
Parece-nos que não vai ficar por aqui, porquanto os Autarcas começaram a aperceber-se do que se está a fazer ao Ambiente nas suas Autarquias e da verdade que as diversas entidades lhes têm ocultado.
As lamas recolhidas na ETAR, a dar crédito ás palavras do Senhor Jorge Oliveira e Carmo porta-voz da Sisaqua, são lamas que contém: Citamos a entrevista dada no Diário de Noticias, "produtos tóxicos cancerígenos e bio acumuláveis na cadeia trófica do meio receptor" que seria portanto o mar. Diz ainda as Águas de Santo André… São retiradas das águas tratadas 80 toneladas por semana.
Tudo isto ainda sem dar crédito ás palavras do Senhor Ministro do Ambiente que diz serem inócuas. Se assim é, agradecemos que as coloque no jardim de sua casa.
Afinal os trabalhadores têm razão…
Algo vai mal no reino de Sines.
Só queria fazer algumas perguntas absolutamente inocentes, que os trabalhadores também fazem a si próprios.
Onde são depositadas essas lamas que o Catedrático Senhor Oliveira e Carmo diz serem altamente poluentes?
Se na Zona de Sines – Santiago do Cacém, como estão depositadas estas lamas que são cerca de 320 Toneladas por mês há mais de trinta anos?
Como têm sido transportadas para esse local? Com transportes devidamente credenciados para o transporte de resíduos altamente perigosos?
Onde está a fiscalização do Estado?
Agora uma afirmação que não carece de dúvida…
Actualmente as Águas de Santo André e a Firma SISAQUA são responsáveis por algo que afecta todos os habitantes desta região e os trabalhadores da Sisaqua tem agora consciência do mal que estão a sujeitar-se arruinando a saúde por um mísero vencimento que quase não chega para sustentar a família.
Muito teria para dizer, mas por agora fico por aqui na esperança que o bom senso impere e se resolva a bem de todos.
A SISAQUA não tem razão. Posso até explicar o porquê.
As Águas de Santo André não têm razão. Posso explicar também o porquê.
Os Autarcas da Região têm razão. Também posso dizer o porquê.
Os trabalhadores têm razão e muita.
Não me obriguem a dizer o porquê.
Que impere a razão neste assunto para todos sairmos a ganhar.
VIVA PORTUGAL!
VIVA OS TRABALHADORES EM GREVE!
Quero ter as minhas netas a tomar banho nas praias de Sines sem problemas Ambientais. Só isto.
António Zumaia
Sines - Portugal
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